Em geral, todas as vezes que leio livros ou tento escrever um, eu sempre falo que o primeiro capítulo é uma espécie de carta de apresentação do seu mundo. Dito isso, eu procuro ler livros já pensando nessa lógica de que o autor da obra inseriu elementos que persistirão nos próximos capítulos.
Comecei a ler MISTER da E.L. James e gostaria de comentar a minha experiência nada satisfeita. Devo ressaltar que não me simpatizo com este gênero literário. Em contrapartida, encontrei o exemplar em promoção na Prime Day da Amazon e resolvi comprar para descobrir se é uma obra boa. Por ser uma experiência nova para mim, achei que seria divertido compartilhá-la de capítulo em capítulo.
Definitivamente, gosto de livros que tenham um pouco de suspense, de tragédia, de mistério, talvez um pouco de fantasia — como é o caso da saga de AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO, um livro fantástico de George R.R. Martin —, então minha crítica gira em torno desse meu gosto literário.
De imediato, o livro possui um prólogo, que apesar de muito curto, cerca de uma página, foi muito bem estruturado. Há um tom de mistério bem forte que deixa um ar de “O que está acontecendo?”. Isso vira uma espécie de gancho para levar o leitor para entender a situação ocorrida no prólogo. Na maioria das vezes, os autores costumam inserir um pedaço aleatório com tom misterioso e “pegajoso” para empurrar o leitor para frente, como foi o caso desse livro.
O primeiro capítulo do livro, eu poderia defini-lo como pornográfico. Não. Talvez um pouco sexista demais. Não conheço muito o trabalho da E.L. James. Sei que escreveu o grande romance que ganhou o filme de Cinquenta Tons De Cinza. Mas de início, não encontrei nenhum elemento novo no livro. Se ela tem o costume de escrever livros neste tipo de gênero, não trouxe novidade alguma.
Basicamente, o livro de início, trouxe elementos que comprometem o futuro da trama do romance. Maxim, que é o personagem principal, é um homem extremamente machista, sexista, mulherengo e desagradável. Sem sal. É um personagem extremamente desagradável! Ele vive uma vida de luxo às custas da herança do falecido irmão, cujo a esposa ele se deita. Eu falo “se deita”, para não falar o que é dito de forma direta pela própria escritora. Além de dormir com a esposa, ou melhor, com a viúva do irmão, ele ainda possui vários pensamentos contraditórios de seus atos sexuais infiéis e detestáveis com a própria cunhada. E para se sentir menos culpado com a situação, ele tem a grandiosa ideia de conhecer outras mulheres por um aplicativo de relacionamento, as usando como objetos. As mulheres feministas irão amar este livro!
O primeiro capítulo do livro só me deu mais receio de que eu gastei R$10,50 à toa, porque não me trouxe nada que possa realmente me prender neste romance. Realmente, até o momento, o primeiro capítulo me trouxe a impressão de que o livro não está valendo sequer os dez reais que gastei.
Toda vez que lemos um livro ou assistimos a um filme ou série, a gente sabe que a maior preocupação do escritor é sempre tornar o personagem principal agradável aos olhos de quem está lendo ou assistindo, como o caso do filme da Malévola, que é uma vilã, mas traz essa sensação empática. No caso do livro… não! Não é o que vemos. O personagem é tão agradável e carismático quanto a Patricia Poeta apresentando o Encontro, talvez um pouquinho mais egocêntrico. Eu senti ódio dele, já no primeiro parágrafo.
Poderia listar pontos agradáveis sobre o primeiro capítulo, mas não encontrei ou minerei algo que possa fazer esta crítica ficar mais positiva. A impressão é ruim; a capa é horrorosa. Não dá pra saber se foi feita por um designer de capas ou por uma estamparia, porque parece mais uma estampa de camiseta — tentei procurar a capa original na internet, mas não encontrei, — então definitivamente, se essa capa for exclusiva da versão brasileira, eu tenho que confessar que ela é um desastre de horror, na verdade, a concepção de desastre e de horror não chega nem perto. Não dá para diferenciar qual é o título e qual é o nome da autora; aliás o contraste de cores que o designer gráfico usou está tenebroso.
Em resumo, se as próximas páginas destacar apenas este personagem, vou continuar a leitura pela força do ódio que eu desenvolvi por esse personagem e pelo amor por esse blog.