Tara E Tal de Duda Beat – Resenha crítica

Capa de TARA E TAL de DUDA BEAT.

O álbum Tara e Tal de doze faixas, lançado em abril de 2024, representa o desempenho artístico que Duda Beat vem alcançando desde o início de sua carreira. Tara e Tal descreve a trajetória de um relacionamento superintenso, marcado por induções sexuais e paixões desenfreadas.

Eu encontrei referências da cultura pop estrangeira, principalmente de Dua Lipa, enquanto eu analisava a produção musical de todo o álbum; SAUDADE DE VOCÊ é a faixa mais gritante. Isso mostra o quanto a artista e os produtores possuem uma visão ampla quando se trata de absorver novas informações de outros cenários musicais e usá-los como ferramenta de trabalho. Os esforços não foram poupados para construir esse álbum, isso fica óbvio para quem escuta; mas isso também deixa claro que nem todos os artistas são reféns do atual método da Indústria da Música, não só no cenário nacional, mas também no cenário internacional, onde a Indústria só quer gerar “produto, produto, produto” para matar a fome por lucro, sem se preocupar com qualidade ou temática do álbum. Em contrapartida, isso também gera um “efeito anestesiante”, no qual os ouvintes ecléticos e os grandes fãs de música estão tão acostumados a ouvir o “produto, produto, produto” que quando surge um artista “rebelde” que desvia do método e lança um álbum como o Tara e Tal, eles o acham uma obra inovadora. Nesse caso, o melhor que pode ser feito é uma boa análise crítica e equilibrada comparando com referências estrangeiras.

De todo modo, não adianta um álbum ter uma temática e não possuir uma boa produção musical e interpretação. E quando se trata de interpretação, Duda Beat sempre soube exatamente o que estava fazendo. Suas técnicas vocais e a maneira como brinca com a voz combinadas com as vocalizações nos backing vocals foram fenomenais. Durante a faixa NiGHT MARé, Duda interpreta algo que parece uma discussão entre um casal, e a melhor parte é que ela faz isso usando a entonação de sua voz combinada às mudanças rítmicas da canção.

Diante de toda a ocasião, eu posso afirmar, particularmente, que Lux Ferreira e Tomás Troia fizeram um excelente trabalho como produtores musicais desse álbum. Duda Beat se consolida na música como uma artista alternativa num ponto de vista estratégico e duvidoso. Estratégico, porque seu conceito musical é levado como novidade pelo público atraindo parte dos holofotes para si; e duvidoso, porque escancara a injustiça na Indústria Musical, em que o artista que não segue a temática do “produto, produto, produto”, não recebe muita atenção ou investimento da Indústria.

Em conclusão, há muitos álbuns brasileiros que são, verdadeiramente, bons, e muito bem-produzidos, e muito bem interpretados. Esses álbuns têm tudo para gerar lucro e reconhecimento público, mas são impedidos pela falta de reconhecimento industrial e de marketing digital; como consequência, eles se perdem no montante de demasiados outros álbuns que são reconhecidos apenas pelos fãs leais dos artistas.

Classificação

Nota: 9.5/10

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